Por Ir. Marcus Henrique
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Na 1ª parte desta série de artigos analisamos o significado do termo “Tradição” à luz da Santa Doutrina Cristã, e vimos como o Catolicismo é a base espiritual do Ocidente. Dessa forma, vimos como a interpretação dada ao vocábulo “Tradição” remonta essencialmente ao Cristianismo, e influencia diretamente a visão de mundo do homem ocidental. Por isso, na 2ª parte desta série de ensaios, iremos analisar a espiritualidade ocidental observando as diferentes tradições filosóficas e culturais que receberam reflexos da mensagem divina transmitida à humanidade, constatando que, ao contrário do que a modernidade defende, essas diferentes tradições não são iguais nem “equivalentes” entre si, e nem tem o mesmo grau de importância que a Sagrada Tradição Cristã guarda para o Ocidente. Por fim, perceberemos a mistura desorganizada que é feita na espiritualidade moderna entre conceitos orientais e ocidentais foge completamente à essência da Tradição Cristã, mantenedora do modus operandi do Homem Ocidental.
Tradição VS tradições: porque a Santa Doutrina Cristã é soberana no Ocidente, em relação às demais correntes filosóficas e espirituais
Vimos no artigo anterior que ao contrário do que a modernidade comumente prega, não existem “várias tradições equivalentes”: existem sim manifestações espirituais, culturais e filosóficas, que guardam entre si esboços da mensagem enviada pelo Divino Pai Eterno aos homens, servindo como precursoras do Cristianismo no Ocidente.
A Sagrada Tradição é perene (eterna) e não está sujeita às impermanências do tempo. De forma resumida, a Sagrada Tradição é o depósito da Verdade revelada (GAUDRON, 2011). A Verdade revelada foi manifestada no Ocidente pelo Cristianismo…e é através da doutrina cristã que a mensagem divina foi transmitida por Deus Todo-Poderoso a diversos povos e culturas, por meio da transmissão da doutrina de Cristo a seus apóstolos, e posteriormente aos bispos da Igreja cristã que nascia. Essa transmissão da doutrina é denominada “sucessão apostólica”, e o conjunto de ensinamentos cristãos transmitidos ao longo dos séculos é denominado de Sagrada Tradição ou Tradição Cristã.
No âmbito da cultura, da filosofia e da espiritualidade, o Cristianismo influenciou diretamente a Moral e a Ética do homem ocidental. Assim, o modus operandi da espiritualidade ocidental foi sendo formado ao longo dos séculos, por meio da manifestação da doutrina cristã na história humana…ao mesmo tempo em que a Sagrada Tradição ia formando seu corpus e sendo transmitida de geração a geração, sendo levada aos diversos povos e culturas ocidentais. Dessa forma, podemos afirmar que a Moral ocidental é fruto direto da doutrina cristã revelada por Deus aos homens: essa doutrina foi antecipada nas tradições culturais dos diversos povos pagãos (muitas vezes de forma pouco clara). Essas tradições misturavam aspectos filosóficos, espirituais e culturais desses povos, mas não tinham ainda o caráter divino transcendente apresentado pela Sagrada Tradição Cristã.
A ideia relativizada (e iluminista) de que a Sagrada Tradição depende das características políticas, sociais e culturais do ser humano não ajuda a entender a essência da espiritualidade do Ocidente: a Santa Doutrina Cristã tem uma base de valores que não dependem de diferenças culturas ou sociais, e que vem se manifestando há séculos à humanidade.
De uma forma geral, a espiritualidade ocidental é constituída pela própria Tradição Apostólica Cristã (a Sagrada Tradição). Essa Tradição foi precedida por tradições filosóficas, culturais e até espirituais oriundas dos povos pagãos do Ocidente, que por vezes (de forma quase inconsciente) divulgaram esboços da doutrina que viria a formar a base da espiritualidade ocidental (a doutrina Cristã), através de insights filosóficos manifestados por meio de uma espiritualidade muitas vezes de viés materialista. Porém, ainda assim, a Metafísica Católica conseguiu unificar os elementos pré-cristãos presentes nas tradições pagãs, enriquecendo o corpo da Sagrada Tradição apostólica por meio de comparativos filosóficos (KREEFT, 2008).
É necessário deixar claro a você leitor, que apesar da doutrina de Cristo ter sido divulgada a diversos povos e culturas, ela nem sempre foi aceita ou compreendida por esses povos (como no caso do povo judeu). Outras vezes, essa doutrina foi reinterpretada de acordo com as características de cada povo, enriquecendo a Sagrada Tradição com abordagens distintas à mensagem divina.
Dentre as diversas tradições pré-cristãs presentes na espiritualidade do Ocidente, quatro merecem destaque por terem fornecido elementos que enriqueceram o corpus filosófico da própria Sagrada Tradição Cristã. Essas quatro tradições são as seguintes:
a) A tradição pagã: manifestada essencialmente no Ocidente pelo Xamanismo e pela religiosidade expressos na cultura céltica e nas religiões de matriz afrodescendente. Essa tradição divulga um estilo de espiritualidade que comunga diretamente com a natureza, por meio de um animismo manifesto no contato com espíritos e entidades ligadas ao meio-ambiente dos diversos povos pagãos. A tradição pagã forneceu elementos importante para a Tradição Cristã, principalmente no que tange ao manuseio da natureza para a produção de ervas e remédios naturais (através da Alquimia Operativa).
b) A tradição egípcia: responsável direta pela difusão no Ocidente de valores espirituais relacionados à especulação filosófica sobre a vida pós-morte, o trabalho com o Trivium Hermético (Teurgia, Astrologia e Alquimia) e o culto religioso socialmente organizado. Apesar de ser uma tradição muito anterior ao Cristianismo, a tradição egípcia forneceu à Sagrada Tradição elementos importantes no que diz respeito à reflexão sobre o destino do ser humano pós-morte, e a importância da religião organizada como vetor de organização social.
c) A tradição greco-romana: propagadora de várias correntes filosóficas ocidentais que serviram de base para estruturar todo o pensamento metafísico do Ocidente, como o Platonismo, o Hermetismo, o Estoicismo e o Neoplatonismo. Também forneceu à Sagrada Tradição elementos cruciais a respeito da necessidade de organizar de maneira legislativa a prática religiosa (por meio do modo romano de estabelecer seus cultos). É da tradição greco-romana que o homem ocidental tira grande parte de seu modo de filosofar sobre a Criação: essa tradição pré-cristã é a base da formação filosófica do Ocidente, fornecendo pensamentos preciosos de autores como Platão e Aristóteles, que enriqueceram o corpus filosófico da Sagrada Tradição.
d) A tradição judaica: responsável pela estruturação de uma Moral pré-cristã, da qual o próprio Cristianismo foi derivado. A tradição judaica foi a última tradição pré-cristã onde a mensagem de Deus Todo-Poderoso foi divulgada. É uma tradição muito restrita e delimitada ao modo de vida do povo judeu, que por ter rejeitado Cristo como o Messias profetizado nas Escrituras, guardou elementos de uma Ética alheios à Sagrada Tradição. Todavia, a tradição judaica é um importante elemento comparativo com a Sagrada Tradição, possuindo elementos filosóficos e teológicos comuns ao Cristianismo, mas divergindo em questões doutrinárias cruciais. Por isso, não podemos falar de um “judaico-cristianismo”, uma vez que há uma rejeição explícita do Judaísmo aos preceitos da Sagrada Tradição Cristã.
É a partir dos elementos pré-cristãos dessas quatro tradições, aliados aos ensinamentos da Sagrada Tradição Cristã, que repousam as bases da espiritualidade do Ocidente. Qualquer coisa que saia desse escopo não pertence à essência da prática espiritual Ocidental, ainda que sejam também formas ricas de manifestação cultural ou espiritual. Não se trata aqui de pregarmos um “exclusivismo”: trata-se simplesmente de constatarmos que a espiritualidade do Ocidente repousa sob a Tradição Apostólica Cristã e os elementos pré-cristãos fornecidos pelas quatro tradições apresentadas anteriormente (RIFFARD, 1990).
Obviamente, o leitor pode questionar-se se essa análise que estamos fazendo acerca dos alicerces da Tradição Ocidental não soa “eurocêntrica” demais. De certa forma, ela realmente pode soar como uma espécie de “eurocentrismo” (apesar de não ser essa nossa intenção), ao sermos taxativos em estabelecer os centros de manifestação cultural da espiritualidade do Ocidente. Sabemos que o ser humano da
antiguidade ou do período medieval desconhecia os conceitos de “Ocidente” e “Oriente” (pelo menos até o século 8, quando Carlos Magno constituiu uma identidade cultural do Ocidente enquanto algo unificado). Mas de uma forma geral, para fazermos um estudo embasado do significado da Tradição Espiritual Ocidental, precisamos primeiramente nos livrar de quaisquer relativismos que dificultem a análise das bases epistemológicas do homem do Ocidente; e isso passa necessariamente por deixarmos claro a você leitor, o que é “ocidental” (espiritualmente falando) e o que simplesmente não é.
A espiritualidade do Ocidente se manifesta de uma forma prática, objetiva: o homem ocidental, via de regra, não busca apenas especular sobre Deus e sua existência. Essa é uma diferença primordial entre a espiritualidade do Ocidente e aquela manifestada no Oriente: para o homem ocidental, a comprovação física (concreta) dos efeitos de sua prática espiritual tem um valor quase inestimável. O homem ocidental quer não apenas “estudar Deus”, mas principalmente “experimentá-lo”: ele precisa “ouvir” Deus, “tocar” em Deus, e se possível, “ver” a Deus. E isto tudo deve ser feito não no sentido figurado, mas literal do termo…
O homem ocidental não quer apenas filosofar sobre sua espiritualidade: ele busca uma justificativa para a existência humana, uma explicação para seus problemas, e acima de tudo, soluções concretas para seus dilemas existenciais. Ele quer explicações palpáveis para assuntos muitas vezes sutis; busca justificativas para questões aparentemente sem solução. Por isso, falar de uma Tradição Espiritual Ocidental é antes de tudo “[…] ir ao fundo de seu pensamento (do homem), e de lá lançar-se para as extremidades, porque esse centro abriga todo o conjunto” (RIFFARD, 1990, p. 9, grifo nosso).
Falar de espiritualidade tradicional no Ocidente é falar de algo quase completamente alheio ao pensamento científico moderno. A Tradição Espiritual Ocidental não se respalda e nem busca se aproximar da ciência moderna, por um motivo muito simples: a busca espiritual é uma busca por respostas de assuntos que não são objeto de estudo da ciência materialista (“vida pós-morte”, existência de Deus, etc.). A ciência moderna até admite seus limites e reconhece que não é capaz (e nem tem intenções) de trabalhar sobre esses assuntos. Porém, mesmo quando reconhece sua impossibilidade de atuação nessas questões, a ciência moderna o faz de forma pejorativa: assim, é comum que a ciência materialista, ao se referir à espiritualidade, o faça de maneira vexatória, humilhante e escandalosa (RIFFARD, 1990).
Ainda assim, a espiritualidade Ocidental não é refém da ciência moderna. Ao contrário do Esoterismo Moderno que tentou e ainda tenta (de maneira inadequada) se alinhar ao pensamento científico materialista, a espiritualidade tradicional do Ocidente não guarda e nunca guardou nenhuma intenção de se aproximar, compactuar ou dialogar com os valores iluministas que predominam no método científico moderno (apesar de valorizar o avanço científico como uma bênção concedida por Deus). Isso
deixa claro que a Sagrada Tradição Cristã em nenhum momento é “rival” da ciência moderna (nem mesmo nega seus avanços e descobertas): são dois campos de conhecimento distintos, que não precisam (e nem tem) a mínima necessidade de serem “fundidos” ou “unificados” (como a espiritualidade moderna tenta fazer). De certa forma, “a espiritualidade se revela por si mesma. Não precisa de um psicanalista ou de um crítico. Possui sua própria linguagem” (RIFFARD, 1990, p. 28).
A essa altura, já deve ter ficado claro ao leitor qual o campo de atuação da Tradição Cristã: a busca por respostas a questões que incomodam o ser humano (questões essas que não podem ser respondidas pelo método científico moderno). A partir disso, podemos também evidenciar outra coisa: a espiritualidade oriental, tão defendida no Esoterismo Moderno por elementos do Hinduísmo e do Budismo, não faz parte do corpo de conhecimentos trabalhados na espiritualidade ocidental, porque se afastam da Tradição Cristã. Essa, por si só é uma constatação que parece contradizer (e irritar) os espiritualistas modernos, entusiastas de um conceito de “sincretismo espiritual”, e que defendem a existência de uma prática espiritual “fast food”, onde todos podem misturar elementos de diversas filosofias diferentes para formar sua “espiritualidade pessoal”, juntando “o melhor de cada corrente espiritual”.
Não estamos dizendo que a espiritualidade oriental não tem valor: a questão não é essa. Ela tem seu valor e sua beleza, e certamente possui resultados comprováveis entre seus adeptos (alguns, às vezes, até ocidentais). Porém, o que está em jogo aqui é outra coisa: a construção da identidade e da visão de mundo do Homem ocidental faz uso de valores que não são abordados (ou mesmo compreendidos) pela espiritualidade oriental (e vice-versa). É por isso, que argumentos do tipo “Yoga funciona”, “meditação budista é ótima” ou “a espiritualidade oriental é mais honesta que a ocidental”, não justificam ou explicam a inclusão sem critérios de conceitos orientais à espiritualidade do homem ocidental.
Esses são argumentos comumente usados pela modernidade para justificar sua busca por algo “diferente” ou “chamativo” que contradiga aquilo que lhe desagrada no Ocidente (o Catolicismo), fazendo-a correr atrás de “conhecimentos secretos” ou de “verdades espirituais autênticas” em elementos espirituais que sejam alheios ao modo de vida do homem ocidental.
Essa aproximação com o Oriente foi feita no século 19, através da expansão do Esoterismo Moderno (o que iremos ver com detalhes ao longo desta série de artigos). A espiritualidade oriental (que nem sequer é conhecida como “esotérica” pelos adeptos de suas culturas) não compactua dos valores do homem ocidental, ao contrário: o raciocínio do homem oriental é pautada em preocupações
absolutamente distintas daquelas demonstradas pelo homem ocidental: enquanto o oriental tende a ter uma forma de raciocínio mais psiquista (focada em sua própria mente e na qualidade de seus pensamentos) e preocupada com o bem-estar de sua sociedade (holismo), o homem ocidental tende a se preocupar mais com aquilo que é externo a si (exterior à sua mente), e busca na espiritualidade formas concretas de melhorar sua própria existência e a de seus semelhantes (às vezes, nem isso). Isso faz com que o homem ocidental aparente tenha uma espiritualidade mais “egoísta” que o homem oriental.
A verdade é que nem um nem o outro estão errados: tratam-se de pontos de vista essencialmente distintos sobre o mundo e o sentido da vida. Isso se expressa de forma muito clara na espiritualidade: o oriental procura meditar, “esvaziar sua mente”; o ocidental anseia por resultados visíveis, através de evocações, invocações e orações. Assim,
“O Oriente se baseia na realidade psíquica, isto é, na psique, enquanto condição única e fundamental da existência. […] Trata-se de um ponto de vista tipicamente introvertido, ao contrário do ponto de vista ocidental que é tipicamente extrovertido. […] A introversão é, se assim podemos nos exprimir, o estilo do Oriente, ou seja, uma atitude habitual e coletiva, ao passo que a extroversão é o estilo do Ocidente” (JUNG, 2011, p. 17-18).
Mesclar (sem critérios ou justificativas) aspectos espirituais orientais à espiritualidade do Ocidente, usando-se o argumento de que “tudo que é bom deve ser aproveitado”, é algo nocivo ao pensamento do Homem ocidental: é um desserviço espiritual, tanto ao Oriente quanto ao Ocidente. A própria Psicologia (tão admirada e utilizada no Esoterismo Moderno) faz questão de enfatizar as diferenças de interesses e de raciocínio entre orientais e ocidentais, e por esse motivo fizemos questão de citar Jung (2011), uma vez que ele é considerado um dos baluartes da espiritualidade moderna.
Considerações Finais
“Nem tudo que reluz é ouro”. Esse ditado popular expressa bem as diferenças existentes entre a espiritualidade moderna e a Sagrada Tradição Cristã: tratam-se de duas substâncias diferentes, que apesar de aparentemente terem uma mesma “consistência”, comungam de pressupostos completamente diferentes.
A Sagrada Tradição é o depósito da Fé: ela se expressa no Ocidente através da doutrina Cristã, guardada ao longo dos séculos pelo Catolicismo (Romano e Ortodoxo), assim como das interações mantidas entre a Sagrada Tradição Cristã e as tradições pré-cristãs presentes na história Ocidental (tradição pagã, tradição egípcia, tradição greco-romana e tradição judaica).
Discursos moralistas ou pseudo-conservadores que não comunguem dos ideais tradicionais da doutrina Cristã (como os discursos do Protestantismo) por si só já estão excluídos do corpo de ensinamentos espirituais que podem ser considerados tradicionais. Por isso, caro leitor, esperamos que a partir de agora você tenha compreendido que nem sempre aquilo que aparenta ser tradicional é realmente algo alinhado à Sagrada Tradição Cristã (ainda que propague um conservadorismo).
Da mesma forma, a rejeição da modernidade à Sagrada Tradição não é algo inesperado: trata-se pura e simplesmente de uma consequência natural da influência iluminista sobre o modo de vida da sociedade moderna. Assim, o Esoterismo Moderno também não é algo tradicional, e a espiritualidade moderna é apenas a materialização da visão espiritual iluminista sobre a modernidade, propondo uma espiritualidade fraca, misturada e sem consistência, como forma de se opor ou deturpar a Religião e a mensagem de Cristo.
A Sagrada Tradição Cristã é a transmissão da mensagem revelada pelo Altíssimo por meio de Jesus Cristo, homem perfeito e Deus perfeito. A verdade revelada por Deus não é ninguém senão Cristo: a manifestação física do Pai Eterno na história humana, comprovando que Deus está sempre junto ao Homem, e nunca abandona sua Criação.
Diante disso, é na Filosofia Católica que a Tradição Cristã foi resguardada e transmitida ao longo dos séculos no Ocidente. Foi a partir do Cristianismo que Deus preparou a humanidade para sua mais profunda revelação: a manifestação da divindade no plano físico.
REFERÊNCIAS
GUÉNON, René. A crise do mundo moderno. Instituto René Guénon de estudos Tradicionais – IRGET. São Paulo: 2017.
JUNG, Carl Gustav. Psicologia e religião oriental. Vozes. Petrópolis-RJ: 2011.
RIFFARD, Pierre. O Esoterismo: antologia do esoterismo ocidental. Ed. Mandarim. São Paulo: 1996.