Entendendo a Tradição Espiritual do Ocidente – Parte 5

Entendendo a Tradição Espiritual do Ocidente - Parte 5

Por Ir. Marcus Henrique

societassalomonica@yahoo.com

 

Na 4ª parte desta série de artigos, vimos como o Esoterismo Moderno tomou forma na espiritualidade ocidental a partir do surgimento do Iluminismo e da expansão de seus valores nos séculos 17 e 18.

A partir de agora, iremos discutir como o Esoterismo da modernidade moldou sua própria face e influenciou toda a espiritualidade ocidental a partir do século 19, atingindo o ápice de seu modelo “espiritualista-cientificista” no século 20, com a estruturação de um cânone próprio de “mestres espirituais” e a delimitação de uma forma de pensamento que se caracteriza atualmente como um modelo próprio de espiritualidade, apartado da essência da Tradição Esotérica Ocidental.

 

O fortalecimento do Esoterismo Moderno nos séculos 19 e 20

A partir do século 20, o Esoterismo Moderno estabeleceu o seu “cânone sagrado” de autores da espiritualidade contemporânea. Esse cânone é composto de quatro autores principais que serviram (e ainda servem) de base para a criação de dezenas de sistemas filosóficos e espirituais (e Ordens Iniciáticas) que baseiam seus ensinamentos nas obras de tais estudiosos.

Os quatro autores considerados pilares teóricos do pensamento esotérico moderno são os seguintes:

a) Eliphas Levi: tido como o “papa” do Esoterismo Moderno e considerado na espiritualidade contemporânea como um exemplo de autor “tradicionalista” (simplesmente porque foi ex-diácono católico). Levi é considerado o grande expoente do sistema mágico da Golden Dawn (GD), e consequentemente influenciou dezenas de Ordens Iniciáticas pós-século 19;

b) Papus (Gerard Encausse): médico, filósofo e fundador do chamado “martinismo moderno”. Membro da chamada “linha esotérica francesa” (que ao lado da escola inglesa, dominou o Esoterismo Moderno até o início do século 20). Defendia uma espiritualidade mais “prática” e menos teórica que Levi. Ainda assim, seus livros eram famosos pela prolixidade e falta de objetividade;

c) Helena Blavatsky: considerada a “mãe da teosofia moderna”, foi a fundadora da sociedade teosófica da Inglaterra, e responsável por misturar elementos orientais ao Esoterismo Moderno ocidental (frutos de suas viagens de peregrinação à Índia, no fim do século 19). Também é tida como elemento chave do sistema iniciático da Golden Dawn;

d) Aleister Crowley: o grande “popstar” do Esoterismo Moderno. Fundador do chamado “sistema thelêmico”, é considerado pelos thelemitas como “o profeta do Novo Aeon”, e tido como o expoente maior do pensamento liberal da espiritualidade moderna. Tem um discurso essencialmente opositor ao Judaico-Cristianismo, propondo práticas que misturam elementos orientais e ocidentais com pouco (ou quase nenhum) elemento que seja considerado tradicional.

Mais tarde, autores menores ganharam algum destaque fundando sistemas e Ordens Iniciáticas diretamente derivados (ou influenciados) das ideias desses 4 autores-base dop Esoterismo Moderno. Entre eles, podemos citar:

  • Franz Bardon: o idealizador do sistema iniciático conhecido simplesmente como “hermetismo de Franz Bardon” (ou “bardonismo”);
  • Antony La Vey: considerado nas Ordens Iniciáticas modernas como o “pai do satanismo contemporâneo” (sic);
  • Gerald Garner: o fundador da “Wicca”, principal movimento neopagão da atualidade;
  • Israel Regardie: companheiro de Crowley na GD e famoso por sua abordagem psicológica da prática mágica;
  • Dion Fortune: tida no Esoterismo Moderno como uma das “conselheiras” de Aleister Crowley, e amiga pessoal da “besta”.

As obras e correntes filosóficas de todos esses autores menores giraram sempre em torno de conceitos ou interpretações alternativas das obras divulgadas pelos 4 grandes nomes do Esoterismo Moderno (Levi, Papus, Blavatsky e Crowley). É sobre as obras dessas quatro perosnalidades que repousa o alicerce teórico de grande parte das correntes esotéricas modernas, e é comum ver estudantes do Esoterismo Moderno repetirem frases desses autores como verdadeiros “mantras”.

Eliphas Levi e Papus são autores que dispensam apresentações a você, caro leitor: se você tiver alguma experiência com o esoterismo moderno (ou se tiver participado de Ordens Iniciáticas), com certeza já deverá ter lido algo a respeito desses autores (ou ao menos deve ter ouvido falar sobre eles em grupos de discussão).

Levi foi diácono católico e teólogo, e apesar de ter um pensamento espiritual mais tradicional (por conta de sua formação religiosa católica) é usado no Esoterismo Moderno como símbolo de “seriedade” e de “tradicionalismo” (mesmo que sua visão da prática mágica esteja completamente dissociada do conceito de “Teurgia” trabalhado na espiritualidade clássica ocidental).

Eliphas Levi é tido como um dos “mestres” do Esoterismo Moderno, e seu nome é constantemente citado em muitas correntes filosóficas e Ordens Iniciáticas pós-século 19, como exemplo de mago e especialista em magia cerimonial. Porém, suas obras mais famosas tiveram um caráter essencialmente filosófico e teórico, com poucas indicações realmente práticas (no que diz respeito à prática de Teurgia).

A obra de Levi é mais especulativa que enfática, e seu mais famoso trabalho (“Dogma e Ritual de Alta Magia”) deixa claro a qualquer leitor que ele compartilha mais conhecimentos teóricos que práticos propriamente ditos. Ainda assim, nada impediu as Ordens Iniciáticas modernas de considerarem Levi como um “expoente de magia cerimonial”.

Levy fez estudos sobre magia, Cabala e Tarô, e sua obra foi fruto da espiritualidade de seu tempo (século 19). Como ex-membro do clero católico, dava muita ênfase ao aspecto moral da prática mágica, mas cometeu diversos equívocos conceituais e interpretativos sobre os conceitos filosóficos e teológicos que analisou em suas obras (muito por conta da escassez de acesso a escritos de mais consistência).

Papus foi defensor ferrenho do trabalho espiritual de Eliphas Levi, e como fundador do Martinismo contemporâneo (corrente mística fundada a partir dos ensinamentos de Louis Claude de Saint Martin) é considerado outro grande nome do Esoterismo Moderno. Médico, o autor (ao lado de Levi) é tido como outro grande expoente do chamado “ocultismo francês” (corrente espiritualista que se caracteriza por abordar um esoterismo com forte viés teológico e judaico-cristão). Suas obras tinham uma abordagem mais prática que as obras de Levi, apesar de também demonstrarem um discurso por vezes bastante prolixo e sem objetividade.

Os outros dois autores (Blavatsky e Crowley) são talvez ainda mais “mitificados” na espiritualidade moderna. E não são sem motivo.

Helena Blavatsky pode ser considerada a principal responsável por sincretizar (seguindo critérios pouco coerentes) a espiritualidade oriental à espiritualidade ocidental. É de Blavatsky a ideia de juntar Oriente e Ocidente numa só “corrente esotérica” (como se ambas fossem idênticas, ou tivessem exatamente os mesmos conceitos-base). Todavia, essa mostrou-se uma atitude completamente insana, que empobreceu a espiritualidade moderna à medida que acrescentava a ela elementos completamente alheios ao raciocínio do homem ocidental.

O fato de a Tradição parecer guardar aspectos comuns no Ocidente e no Oriente, não implica necessariamente na necessidade de se sincretizar elementos de culturas distintas. A distinção dessas culturas é um fenômeno tradicional por si só, que divulga valores morais e filosóficos da Tradição de maneira abrangente, respeitando-se as diferenças sociais de cada povo e adotando roupagens distintas com o intuito de conservar os conceitos primordiais da própria Tradição.

Após suas viagens de peregrinação pessoal à Índia (em busca de “conhecimentos”), Helena Blavatsky retornou à Inglaterra repleta de informações e descobertas que havia feito no Oriente: alegou ter mantido contato com “mestres espirituais secretos” (o que mais tarde foi provado ser uma fraude); disse ter sido treinada por “gurus indianos” a respeito da espiritualidade oriental; e divulgou suas descobertas em sua Sociedade Teosófica (fundada anos antes de sua viagem).

A partir das divulgações de Blavatsky, o Esoterismo Moderno se fortaleceu mais ainda e sofreu uma verdadeira “revolução”: assuntos como “Yoga”, “Tattwas”, “Kundalini”, “Chakras”, “Reencarnação”, “Meditação”, “Budismo”, “Hinduísmo”, “Viagem Astral” e outras questões ligadas ao Oriente, passaram a se tornar matéria de pauta em todos os círculos espiritualistas do século 19. As Ordens Iniciáticas passaram a tomar contato com conhecimentos estranhos ao Ocidente; esses conhecimentos eram curiosos, exóticos, e (porque não dizer) “sedutores” no século 19: tratava-se na verdade de um resumo mal apresentado de conceitos espiritualistas retirados do Hinduísmo e do Budismo, e aplicados de maneira absolutamente intempestiva na sociedade moderna ocidental.

Nunca o Oriente passou a ser tão discutido na espiritualidade do Ocidente: a partir de Blavatsky, as Ordens Iniciática passaram a chamar a atenção para a necessidade do ser humano de “limpar seus chakras”, “visualizar Tattwas” ou “meditar diariamente”. Ao mesmo tempo, a prática Ocidental de Teurgia (trabalho com espíritos, operações com grimórios medievais, prática de magia devocional, evocações angélicas, etc.) passou a ser vista e atacada por Blavatsky (que tinha um forte discurso crítico ao Judaico-Cristianismo), sendo tratada como algo “sujo”, “perigoso” e até mesmo “impróprio” aos estudantes modernos (o que ela classificava como “magia negra”).

A divisão da espiritualidade entre algo “branco” e “negro” ganhou mais força à partir do discurso de Helena Blavatsky: tudo que lhe parecesse tradicional ou ligado à essência da Tradição Espiritual Ocidental (por meio do Judaico-Cristianismo) parecia ser considerado por ela como algo espiritualmente “impuro”, “negro” ou “impróprio”. Mas não podemos dizer que esse tipo de condenação foi um privilégio do discurso da “mestra” russa: anos antes, já nas obras de Levi e Papus (adeptos do Judaico-Cristianismo, ao contrário de Blavatsky!),

Helena Blavatsky foi a responsável por sincretizar (de maneira pouco coerente) as espiritualidades Ocidental e Oriental, trazendo elementos do Esoterismo Oriental para o Ocidente. Blavatsky também acentuou a divisão (bastante divulgada por Levi e Papus) da prática de magia em “branca” e “negra”, usando um discurso reacionário contra o Judaico-Cristianismo, e idealizando (mitificando) a espiritualidade indiana.

percebemos um discurso incisivo no que diz respeito à separar as práticas espirituais entre “brancas” e “negras”, e na necessidade de evitar a chamada “magia negra” (comumente associada por Levi à prática de necromancia). Assim, o Esoterismo Moderno do século 19 viu algumas práticas esotéricas se transformarem em verdadeiras “modinhas espirituais”, consideradas por Blavatsky como “magia branca” (ou seja: uma forma aceitável de espiritualidade, segundo seu julgamento sincrético): “meditar” (através do chamado “budismo esotérico”); “visualizar Tattwas” (usando uma espécie de sincretismo forçado de conteúdos indianos e métodos europeus de treinamento espiritual); praticar “desdobramento astral” (aproveitando a febre do “Plano Astral” divulgada no século 19, através dos círculos espiritualistas por meio do crescimento do chamado “espiritismo kardecista”); e “acessar” a chamada “Fraternidade Branca” (para “obter conhecimento” dos “mestres ascencionados”).

No fim do século 19, a Ordem Iniciática da Golden Dawn consolidou o Esoterismo Moderno como uma tradição espiritual autônoma, separada da Tradição Espiritual Ocidental (mas originada dela). De maneira perspicaz e sendo diretamente influenciada pela formação maçônica e rosacruciana de seus fundadores, a GD conseguiu estabelecer um sistema iniciático que mesclava elementos da espiritualidade Ocidental (operações teúrgicas, ainda que feitas de forma simplificada, Alquimia Mental [1] e Astrologia Moderna) com elementos típicos da espiritualidade moderna (trabalho com elementos orientais apresentados por Blavatsky, e grande uso de Psicologia para explicar os efeitos das práticas espirituais). Em pouco mais de 10 anos de existência, a Golden Dawn pode ser tida como o primeiro grande sistema esotérico da modernidade, que ainda bebeu de elementos da espiritualidade tradicional do Ocidente, ao mesmo tempo em que a adaptava ou mesclava com elementos modernos.

Foi do sistema iniciático da GD que surgiu a última (e atualmente mais popular) personalidade do Esoterismo Moderno: Aleister Crowley foi membro da Golden Dawn e saiu da Ordem para divulgar um sistema filosófico e espiritual com o qual teve contato através de uma experiência pessoal (sistema thelêmico).

Apesar de não ter sido contemporâneo de Helena Blavatsky, Crowley soube explorar com maestria o espaço aberto por ela no Esoterismo Moderno: seu sistema filosófico e espiritual (Thelema) bebia fortemente de fontes orientais, e recomendava de forma aberta a prática de disciplinas como Yoga e meditação oriental. Dono de um discurso reacionário ao Judaico-Cristianismo (assim como Blavatsky) por conta de dissabores pessoais na infância, Crowley também se opôs ao máximo ao conceito de “espiritualidade tradicional” (que lhe parecia algo próximo demais do próprio Judaico-Cristianismo, especialmente das vertentes católica e protestante), propondo releituras do Trivium Hermético e classificando a si mesmo como alguém que “mudava o que pudesse” (espiritualmente falando) e “testava essas mudanças” (Empirismo).

Crowley procurou satisfazer ao máximo seus desejos pessoais (Humanismo, Pragmatismo) através de sexo, bebidas ou diversão aleatória, ao mesmo tempo em que se dedicava à sua espiritualidade de forma “científica”, numa tentativa de chocar a sociedade de seu tempo e mostrar a seus seguidores que a essência da espiritualidade moderna estava conectada à vida mundana, e que era impossível separar espiritualidade e vida cotidiana.

A grande mudança de Crowley em relação à Blavatsky (e sua grande marca identitária no Esoterismo Moderno) se deve ao fato de que ele tentou aproximar sua prática espiritual o quanto pôde do paradigma científico moderno, transformando seu sistema filosófico numa espécie de “espiritualidade científica”. Os ideais iluministas (classificados por Crowley como “Iluminismo Científico”) foram fortemente defendidos no sistema thelêmico, ganhando popularidade na espiritualidade moderna como uma espécie de “abordagem científica” ao Esoterismo conhecido no Ocidente.

Atualmente, o Esoterismo Moderno tem em Crowley seu maior baluarte, e dezenas de outras correntes filosóficas ou espirituais da modernidade foram inspiradas ou tem nele algum tipo de influência direta. A influência crowleyana sobre o Esoterismo Moderno parece superar até mesmo o peso “tradicionalista” que nomes como Levi, Papus e Blavatsky despertam no pensamento esotérico contemporâneo. Mais que isso: o fato de (assim como Blavatsky) Crowley ter tido um discurso prioritariamente opositor ao Judaico-Cristianismo (pelo menos às vertentes católica e protestante), tornam ele uma espécie de “ícone” a todos os “rebeldes sem causa”, ou aqueles que querem se opor (por prazer ou pura discórdia pessoal) à Tradição. É com Crowley que a espiritualidade moderna ganha um ar de “paganismo renovado”.

O Neopaganismo é um dos frutos diretos do Esoterismo Moderno, pregando uma tentativa (muitas vezes simplificada e deturpada) de retorno às tradições pagãs pertencentes à Tradição Espiritual Ocidental, ao mesmo tempo em que mistura esse “retorno à antiguidade” à filosofias essencialmente modernas, como o Holismo e o pensamento Nova Era (New Age).

O que temos com o advento da popularidade de Aleister Crowley, é na verdade uma espécie de “2º movimento renascentista”: o Esoterismo Moderno assume um discurso opositor ao Judaico-Cristianismo (proveniente de alguns de seus principais autores como Blavatsky e Crowley) e opõe-se a um dos principais pilares culturais/filosóficos da Tradição Espiritual Ocidental, iniciando uma tentativa de “reconstrução” idealizada do paganismo por meio de correntes modernas que buscam “ressuscitar” a espiritualidade pagã de forma estereotipada (como o movimento wiccano). Esse é o chamado neopaganismo.

É necessário deixar claro que o Esoterismo Moderno (assim como a Tradição Espiritual Ocidental) não é “uma coisa só”. Trata-se atualmente, de uma gama de tendências espirituais e filosóficas (muitas opostas entre si!), que tem em comum, na maior parte dos casos, o fato de usarem o Iluminismo como base epistemológica e se oporem diretamente ao modus operandi da Tradição Ocidental.

O Esoterismo Moderno é uma verdadeira “salada mista”, onde tudo (ou quase tudo) é permitido. Não há verdades nele; ou melhor: há “várias verdades” (Relativismo). Todo dia, novas correntes filosóficas nascem (novas “verdades”) e reclamam pra si o “direito” de se fazerem ouvidas (GUÉNON, 2017). Na espiritualidade moderna, tudo tem uma “parcela de verdade”, e apenas a experiência direta (a prática) pode mostrar o que cada corrente esotérica moderna significa (Empirismo).

Na última parte desta série, faremos um balanço das informações transmitidas ao longo dos artigos apresentados, comprovando que o Esoterismo Moderno forma uma tendência espiritual própria, com uma visão de mundo peculiar e alheia ao espírito da Tradição Espiritual do Ocidente, que faz uso de tudo aquilo que lhe é conveniente (do ponto de vista tradicional), ao mesmo tempo em que se organiza (e se apresenta ao homem contemporâneo) de maneira caótica, numa verdadeira mistura desenfreada de conceitos e filosofias.

 

REFERÊNCIAS

GUÉNON, René. A crise do mundo moderno. Instituto René Guénon de estudos Tradicionais – IRGET. São Paulo: 2017.

[1] O sistema iniciático da Golden Dawn carece fortemente de estudos e trabalhos com Alquimia Laboratorial (ainda que seus manuscritos pareçam levantar a hipótese de que alguns membros da Ordem efetuaram operações espagíricas). O membro da Ordem que poderia ter efetuado um trabalho laboratorial efetivamente alquímico (Israel Regardie) preferiu não fazê-lo e se dedicar integralmente à sua carreira de psicólogo, após receber treinamento pessoal do maior alquimista do século 20 (Frater Albertus).

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